Ser Paraense
Thursday, August 28, 2008
Quando percebi a beleza que envolve algumas palavras desta terra, o Pará já havia tomado conta de mim. Esse encontro com os tesouros verbais da Amazônia não foi tão fácil como pode parecer. É complicado para um menino de antigamente, e mais ainda para os de hoje, entender que não é "errado" dizer tu, em vez de você, e que carapanã é carapanã e nunca mosquito ou pernilongo. E pior: papagaio pode até ser cangula ou rabiola, mas pipa, nunca! A Amazônia, o meu muito amado Estado do Grão Pará, são terras de fala meio "estranha". Já não bastava, na minha cabeça de criança, estarmos tão distantes do mundo, ainda por cima falávamos "diferente", sem os esses afinados do Sul, que na verdade é Sudeste; sem a música do maracatu que os nordestinos entoam quando abrem o bico; e sem os erres pesados dos gaúchos. Era complicado, reconheço.
Como coração é terra em que ninguém manda, fui sendo conquistado, digamos assim, pela floresta, pelo rio e pela minha cidade de Belém, com seu jeito meio português, meio francês, meio caboclo. (...)Mas ser paraense é condição, gesto silencioso de amor, uma forma especial de amar a Amazônia e, mais do que ela, de encontrar-se com um solo tecido de saudades e bravuras, fé e muita chuva(...). O jeito paraense de falar é, juntamente com a paisagem, o que mais encanta no Estado. Quanto mais para dentro se vai, mais se recua no passado.
(...) Numa terra onde arreda tomou lugar de afasta; onde dobrar faz as vezes de virar; onde canto é bem mais forte que esquina; onde se inventou um tal de "eras", que já foi "ébe" e, normalmente, é "égua", como forma de exclamação; onde algumas expressões são tão suas que lhe têm o formato do rosto, tipo "pai d'égua", pra lá, maninho ou mano e mana, não dá uma tentação de pensar que se fala outra língua?
(...) A fala do paraense e o amor à Nossa Senhora de Nazaré são a nossa melhor expressão de identidade. Somos miriti em sons e chuva, toró em palavras. O Pará, que na língua do índio quer dizer grandes águas, é um tu - não um você; são pororocas e encantamentos; igarapés e belezas. Tudo dito numa língua que pode até estar no dicionário, mas que só se fala por aqui, com um jeito que só quem tem a alma paraense pode e sabe entender.
João Carlos Pereira
Escritor.
Escritor.
Sou paulista de nascimento e coração, japonesa por afinidade e paraense por escolha. Morar em Belém, é para mim, uma experiência gratificante. O que encontro em termos de cultura popular por aqui, eu nunca iria encontrar em livro nenhum, nem que quisesse...
Sei que muitas vezes não dou valor à este lugar (chamo até a minha cidade, situada à 40 min de Belém, por um apelido "carinhoso": SIPFM (leia Santa Izabel do Pará Fim do Mundo), mas foi aqui que aprendi a ser melhor do que era e ser diferente, ser mais alegre e ao mesmo tempo mais desconfiada, como todo paraense...
Foi onde aprendi a amar a chuva e saber que se tem hora pra marcar encontro.
Onde aprendi a dançar carimbó e siriá, a quebrar coco pra achar castanha e que fruta-do-conde aqui não tem, tem beribá.
Onde aprendi que se embrenhar na mata é bom, e que andar de barco é melhor ainda.
Mesmo não morando em Belém, estou lá todos os dias. Não haveria como não amá-la.
Afinal, foi onde eu aprendi a ser como sou.
Beijo Imenso com sabor de Tapioca e Açaí (que eu não tomo).
Ju
11 comments:
Ô, terra boa danada que um dia ainda hei de conhecer!
Juzinha, eu também tô com saudade de conversar contigo. A Novela chegou ao fim, mas nossa amizade e meu carinho por você continua a mesma coisa, tá?
Pode deixar que num vou sumir não.
Beijão, pessoinha que adoro demais! =)
Eita, fiquei curiosíssima pra conhecer..
Jú, eu amooooooooo açai com cupuaçu!!!
Eu qro açaii!! rsrs
Beijoooos
Oi Ju lindaaaaa!
Saudade de vc. Desculpa a ausência mas e por uma boa causa.
Só passando pra te deixar um beijão.
Tu sabe que tenho relação íntima com o Pará né? Um caso de amor pra ser mais exato!
gostei do texto.
Beijos
Ai que saudades da minha terrinha!
mas mesmo assim, nem queria voltar...
Bjs.
Eu quero UMA CUIONA DE TUCUPIIIIIIIIIII!!! Manda pra miiiim!!!
^^
Amo Belém, Ju! É apaixonante mesmo!
Queria tanto conhecer Belém. Sou Acreano de Manaus (rsrs), é quase-bem-pertinho rsrs.
Tapioca com açaí é uma delícia! Porque vc nao toma???
Bj. Foi bom vir aqui.
Inté!
Oi quase dra Jú,
a senhora tem orkut?
kkkkkkkkkkk
Açaí, hummm.
Mousse de cupuaçú, Nhammmm.
Ju, sua terra é tudo!
beijo. ;*
Ê, povo que só pensa em comida!!
Drumm... Tucupi é tudo de bom!!!
Jubli... o pior que de açai e cupuaçu eu só gosto do cheiro!!! :P
Nandinho, seu cantinho aqui já está guardado, ou seu e o da Su... Ai qdo eu for te ver, aproveito e te trago comigo!! Sdd do tamanho do mundo!
Su, pera la que eu vou mandar uns litros pra vc...heheh... OU entao vem pra cá tomar!! Quando eu vou pra Bahia??? :(
Pois é Leo, o Pará te pegou de jeito!! Mas é um caso de amor lindo! Beijo amigo
Ultra, a saudade é algo que não deixa a gente, tá sempre presente.. E voltar ás vezes é bom, mas sem deixar de se sentir livre para ir e vir! Beijo
Vidal, tô até pensando em trazer esse povo todo pra cá de uma só vez, que vc acha? Um encontro ao por-do-sol da Baía do Guajará... E eu não tomo porque sou enjoadinha, açai eu amo o cheiro mas não aprendi a tomar!! :/
Sah... me achou no orkut???
Beijo amores!!
Que jeito? Eu não consigo te achar!
Acho que é mais fácil vc me achar.
Tá como Sahmany mesmo tá?
Ah, gostou do Hércules?
O danadinho já tá fazendo o maior sucesso, heheheh.
E, droga, ninguém quer trocar o pneu, pô! kkkkkkkkkkk
beijos.
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